quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CHE GUEVARA

Luis Paiva

















E, por fim, me chamou também tua morte
desde a seca luz de Vallegrande.
Eu, Che prossigo crendo
na violência do amor: tu próprio
dizias que "e preciso endurecer-se
sem perder nunca a ternura".

Mas tu me chamaste. Também tu.
(Os temas compartilhados, dolorosos.
Os múltiplos olhares moribundos.
A inerte compaixão exasperante.
As sábias soluções à distância...
América. Os pobres. Esse Terceiro Mundo,
quando não há mais que um mundo,
de Deus e dos homens!)

Escuto, no transístor, como te canta
a juventude rebelde,
enquanto o Araguaia pulsa aos meus pés, como uma artéria viva,
transito pela lua quase cheia.
Apaga-se toda luz. É só noite.
Rodeiam-me os amigos distantes vindouros.
("Pelo menos tua ausência é bem real”,
geme outra canção...Oh! a Presença
em Quem eu creio, Che,
a Quem eu vivo,
em Quem espero apaixonadamente!

... A estas horas tu sabes bastante

de encontros e respostas).

Descansa em paz. E aguarda, já seguro,
Com o peito curado
Da asma do cansaço;
Limpo de ódio o olhar agonizante;
Sem mais armas, amigo,
que a espada despida de tua morte.
(Morrer sempre é vencer desde que um dia
Alguém morreu por todos, como todos,
Matado, como muitos...)

Nem os “bons”-de um lado,
Nem os “maus”- do outro,
Entenderão meu canto.
Dirão que sou apenas um poeta.
Pensarão que a moda me ganhou.
Recordarão que sou apenas um padre “novo”.
Nada disso me importa!
Somos amigos
E falo contigo agora
Através da morte que nos une;
Estendendo-te um ramo de esperança,
Todo um bosque florido
De ibero-americanos jacarandás perenes,
Querido Che Guevara!

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